A experiência piloto da Clínica Pública de Psicanálise, localizada no galpão do projeto Vila Itororó Canteiro Aberto, busca expandir a noção de cultura e os objetivos de um centro cultural, integrando práticas artísticas com atendimentos individuais gratuitos. Idealizada pela artista Graziela Kunsch, em colaboração com os psicanalistas Tales Ab’Sáber e Daniel Guimarães, a clínica é um experimento que visa abrir novas perspectivas para o futuro da Vila.

Contexto Histórico e Reflexão

A clínica nasceu de uma reflexão profunda sobre as transformações radicais que a Vila Itororó enfrentou ao longo dos anos, marcadas por diversas violências:

  • Violências do Planejamento Urbano: A canalização do rio Itororó e a construção da Avenida 23 de Maio alteraram significativamente a paisagem e a vida na Vila.
  • Violências das Políticas Habitacionais: A retirada dos moradores originais causou desestruturação social e afetiva.
  • Violência do Mercado Imobiliário: A expulsão econômica das populações mais pobres do bairro devido à valorização imobiliária.

O projeto da clínica surgiu com o objetivo de atender ex-moradores da Vila Itororó, mas os horários de plantão foram estabelecidos para estender os atendimentos a um público mais amplo.

Estrutura e Funcionamento da Clínica

A equipe atual da Clínica Pública de Psicanálise é composta pelos psicanalistas:

  • Ana Carolina Santos
  • Camila Bassi
  • Camila Kfouri
  • Dafne Melo
  • Daniel Guimarães
  • Fernando Pena
  • Flavio Bacellar
  • Frederico Tell Ventura

A artista Graziela Kunsch também faz parte do grupo, que recebe supervisão clínica de Heidi Tabacof e Maria Silvia Bolguese. Nos primeiros seis meses de existência, a equipe de atendimento incluía Anne Egídio, Carolina Binatti, Daniel Guimarães, Fabricio Brasiliense, Patricia Gertel Nogueira, Ricardo Cavalcante, e Tales Ab’Sáber, que atuava como supervisor.

Motivação e Sustentabilidade

Os psicanalistas participam do projeto movidos por um desejo político e como parte de sua formação, recebendo uma ajuda de custo equivalente a um bilhete mensal de transporte. Isso facilita a presença dos profissionais na clínica e contribui para a sustentabilidade do projeto.

Perspectivas Futuras

Com a expansão da clínica, há a visão de que este experimento possa ser realocado para uma das casas da Vila Itororó, tornando-se uma parte ainda mais integral da vida comunitária e cultural do local. A proposta visa transformar a clínica em um espaço permanente de acolhimento e apoio psicanalítico, reforçando a importância de espaços públicos acessíveis e integrados à comunidade.

Conclusão

A Clínica Pública de Psicanálise na Vila Itororó Canteiro Aberto exemplifica como a psicanálise pode ser um instrumento poderoso de transformação social e cultural. Este projeto inovador não apenas oferece atendimento psicanalítico gratuito, mas também contribui para uma cidadania mais inclusiva e participativa, promovendo a saúde mental como um direito universal.

Benjamin Seroussi, curador

O direito à cidade psíquica: a Clínica Pública de Psicanálise, ou a psicanálise como canteiro aberto, por Daniel Guimarães

Leia os primeiros textos em torno da clínica, datados de julho de 2016:
Psicanálise, espaço público e vida popular, por Tales Ab’Sáber
Uma clínica pública de psicanálise, por Daniel Guimarães

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